Eu tinha sede. Sede da vontade de tirar todas as marcas
ruins e joga-las no chão, em qualquer rua que não trouxesse a tristeza. Das muitas
vezes que tentei joga-las, fracassei. Elas não me atingiam por fora nem me
atacavam. Criavam sentimentos que não tinha nome. Das inúmeras lágrimas que
escorreram ao parar de escrever tudo que um dia tentei transmitir. E a verdade é que, a verdade, não sei. Ou talvez
achasse que sabia. Afinal eu nunca sabia, e quando achava me debatia na parede.
A parede se quebrou, e quando ela realmente caiu eu percebi
a imensa força que algumas coisas que não faziam a mínima pra mim, eram
importantes pras outras. Outros que não souberam a gravidade da situação. Que jogaram,
e apontaram o dedo na cara, que deu um sorriso meio torto, e que alguns minutos
depois, perdeu toda a razão desde o começo.
Eu recitei tão alto esse grito de dor, que chegou a não
alçar para outro horizonte. E não foi uma nem duas vezes que procurei vivenciar
o silêncio. Tinha deixado tudo ir. E quando percebi tudo estava voltando. As palavras
foram jogadas há muitos anos em muitas folhas qualquer. E desde que percebi as
procurei pra aliviar o sufoco. Não existia algo maior.
Essa dor que vem de longe que atravessa o grande pensamento
e se encontra com a ilusão. O que nunca foi certo, o que estava correto, o que
nunca foi em vão, o que se tinha e ao mesmo tempo tinha ido embora, o que se
esperava nunca chegava. O outro lado que ninguém jamais ouviu falar. O tempo, esse
nunca para, nunca existe para você pensar. E quando se erra se apaga o erro e
vive novamente sem parar de soluçar, porque todo dia se aprende a não parar.
Se olhar pra trás não volte. Se fingir que esqueceu,
esqueça. Nem todas as palavras que um dia se passou, serviram com o mesmo
significado, nem todo mar que levava uma embarcação voltou quebrado. O céu é o
limite dos teus olhos. Mas teus pensamentos são bem maiores do que todos teus
medos.