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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Guria


Preferia estar de ressaca. Não saberia de todos esses problemas. E talvez tudo isso acabe a meias palavras assim como tem sido nos últimos dias. Não durmo mais. E a falta de sono faz de meus pensamentos um tormento toda vez que penso em uma resposta. Mal sabia eu, que a resposta que sempre procurei não existia.
Não te disse tudo e nem a metade servirá para lhe tirar do desvio. Foram poucas as palavras, e muitos gestos. Não sabemos ler nosso sentido, não saberíamos nos guiar separados. Nem um minuto escolhi soltar a tua mão. E já, pela segunda vez senti todos teus passos contra, rumo à solidão. Era como se não houvesse mais nada. Clamei alto teu nome, aos prantos tentei te achar. Já tinha passado da meia noite era tudo tão vazio. Não escutava nem o barulho dos pássaros.
Engoli as lágrimas. Senti o coração apertar e jamais olhei para o lado. Depois me joguei a todos os sentimentos ruins, mesmo não querendo assim. Foi depressa, em segundos já não sabia a tua verdade. O mal que cobriu aquela noite foi o mesmo que cobriu as demais. Eu senti a tua ausência, assim como tem sido nos últimos dias.
A escuridão te fez pior. Te fez escolher duas vezes a mesma direção. Eu não sabia, mas o teu adeus foi pior que um tombo.

A tua escolha não faz parte da minha. 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Algum Tempo Atrás


Tinha esquecido como era trágico. Vivenciei cada segundo coberta com o sorriso. Eu jamais percebi a razão que me fazia mostrar a mentira. E quem a enxergava se cobria com a verdade, de que a mentira não estava presa naquele olhar.
Sete anos, e até. Sem parar, sem saber quando acabará. Com o passar do tempo aprendemos a dizer adeus de uma forma que isso não faça com que sumimos. Evaporamos por dentro, somos sugados por todas as letras que nos atingem todos os dias. O ser humano se reconstrói de erros, se ergue depois do tombo e se fortifica diante da luta.
O que esperar de quem jamais conheceu a tua história, o que perguntar para quem jamais enxergou as tuas angustias. E querendo ouvir aquela resposta que sem imaginar que um dia ela nunca pudesse existir, e de tanto esperar chegar até a certeza de que a ilusão nos guiou para o caminho oposto.
E ter um companheiro que atormentava. E pior que o medo era o cansaço de enxergar a escuridão. E nenhum grito foi capaz de alguém ouvir os prantos. A solidão andou comigo durante todos esses anos. E dos quais eu sorri todo tempo que estive presa.

O susto não foi maior, e em nenhum momento eu permiti que o medo estivesse presente.