Somos
deparados com os atrasos da vida. E não te encontrar todo dia na mesma esquina
como antigamente, dói mais. O vento levou tantas esperanças que a única que
bateu na porta já voou. E foi para tão longe que a qualquer barulho na terra
ela jamais irá escutar. E tinha vida, a vida como a que se quis ter.
Do alto da
montanha enxergo a tempestade se armar. E por mais que imaginasse que logo
passaria contei os segundos da destruição que foi mais forte e durou mais que
qualquer outra sombra naquele céu. Se escureceu, e todo o olhar mantido perto
daquele grande céu se transformou em uma tenebrosa chuva.
As gotas
caiam, o céu permaneceu escuro, e durante algum tempo os olhos de quem o viu
permaneceu cinza, a escuridão não se desarmou.
Há mais de
anos, há mais de horas, há mais que esperanças, há mais que uma razão. Há um
coração que por coincidência ainda não parou de bater.
Borbulhou em
segundos. E o ar que se tem agora ainda é o mesmo que antigamente, mas é mais
denso, pois nunca foi de se enxergar sombras no meio da escuridão.
Sei de todos
os corpos sombrios. E mesmo sabendo, retorno todo dia e volto para trás, e
nunca mais tocarei os pés ao lado do teu.
Já corri
pela ladeira tantas vezes que perdi a concentração ao se desviar do caminho.
Um dia a
tempestade irá acabar.