Existiam histórias, e das muitas poucas existiam um fim,
poucas eram inusitadas. Havia um tempo onde os sorrisos eram sempre
iguais. E foi o tempo que fez pensar que
tudo estava diferente. Não me lembro de encontrar o velho olhar que cobria
todas as noites vazias. Era tua voz que fazia todo o medo ir embora, era o
cansaço que fazia o novo dia ter outra atenção.
A porta se abriu no momento em que tu foste embora, eu
clamei teu nome muitas vezes e tentei voltar, mas a tua passagem foi mais forte
que o meu pedido. Tentei me livrar da escuridão só, e percebi que mais nada me
tirava os passos do chão. Não há sentido, não houve tanta dor, mas há tantas
feridas abertas.
E os dias caminhavam tão devagar e ao perceber do contar
outra história sem imaginação. Era como se não existisse caminho, sem dor. Ligar
e desligar, falar com o medo e caminhar com o receio de errar e parar e voltar.
Voltar, e não saber o lado mais curto e próximo da liberdade. Perdi-me no
tempo.
Não existia a razão que procurei, não existia um por que. Existiam
sorrisos diversos, que costumava me chamar à atenção por debaixo da porta. Era
um novo tempo, um novo mundo, um novo obstáculo. Podia ser uma nova sensação, e
com tantos medos, e muitos planos sumindo tão de repente. A minha falha de anos
transpareceu meu desejo de amanhã. Eu não sabia que lado à maré iria me levar,
até bater de frente com a realidade. E pra onde foram todas as águas sujas
dessa estação?
Não fiz do teu tempo o meu. Não fiz dos teus olhos uma luz a
mais. Transformei a escuridão e os dias que sobraram em pó. Tirei-te às presas
da embarcação e te guiei inseparável quem se soltou do barco foi tu. Em nem um
momento te deixei cair.
Era pra ser assim, mas foi diferente. As palavras vão traduzir
o tempo que eu levei pra entender onde estava o ar. Ele jamais existiu, e eu o
vivo procurando entre as flores de algum jardim.