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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Biografia


Existiam histórias, e das muitas poucas existiam um fim, poucas eram inusitadas. Havia um tempo onde os sorrisos eram sempre iguais.  E foi o tempo que fez pensar que tudo estava diferente. Não me lembro de encontrar o velho olhar que cobria todas as noites vazias. Era tua voz que fazia todo o medo ir embora, era o cansaço que fazia o novo dia ter outra atenção.
A porta se abriu no momento em que tu foste embora, eu clamei teu nome muitas vezes e tentei voltar, mas a tua passagem foi mais forte que o meu pedido. Tentei me livrar da escuridão só, e percebi que mais nada me tirava os passos do chão. Não há sentido, não houve tanta dor, mas há tantas feridas abertas.
E os dias caminhavam tão devagar e ao perceber do contar outra história sem imaginação. Era como se não existisse caminho, sem dor. Ligar e desligar, falar com o medo e caminhar com o receio de errar e parar e voltar. Voltar, e não saber o lado mais curto e próximo da liberdade. Perdi-me no tempo.
Não existia a razão que procurei, não existia um por que. Existiam sorrisos diversos, que costumava me chamar à atenção por debaixo da porta. Era um novo tempo, um novo mundo, um novo obstáculo. Podia ser uma nova sensação, e com tantos medos, e muitos planos sumindo tão de repente. A minha falha de anos transpareceu meu desejo de amanhã. Eu não sabia que lado à maré iria me levar, até bater de frente com a realidade. E pra onde foram todas as águas sujas dessa estação?
Não fiz do teu tempo o meu. Não fiz dos teus olhos uma luz a mais. Transformei a escuridão e os dias que sobraram em pó. Tirei-te às presas da embarcação e te guiei inseparável quem se soltou do barco foi tu. Em nem um momento te deixei cair.

Era pra ser assim, mas foi diferente. As palavras vão traduzir o tempo que eu levei pra entender onde estava o ar. Ele jamais existiu, e eu o vivo procurando entre as flores de algum jardim. 



segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Linhas Imaginárias


Poderia escrever apenas uma palavra que me tirasse esse transtorno em que se caminha. Mas foi o tempo que me fez parar de escrever essas linhas imaginárias por onde naveguei anos. Eu teria que contar o início e logo após, aonde tudo começou, se tornou cansativo esse roteiro que resolvi o largar à meio de algum caminho por aí.
Foram apenas palavras, palavras que talvez não justificassem a aquela ação, e te ver a todo instante derramar esse véu por cima de alguns, me faz pensar que todos os dias que te vi sorrir foram falsos. Era pra ser uma história sem fim, e que se guia pra sempre, se escreve, se distingue das outras.  
E não foi esse único momento que me tomou a atenção. As encostas que aprendi a caminhar se tornaram muitas vezes mais difíceis, e não imaginar nunca esse ar vindo de ti parecia improvável. Foi quando eu comecei a escrever eu jamais permiti que alguém se ultrapassasse dessas linhas, elas separavam meus sonhos.
 Deixei de te guiar. E a tantas palavras procurei uma para traduzir tudo que observei de ti. Eu nunca me encontrei com um ‘talvez’, até te ver mudar. Então muda, e joga pra fora essas palavras tortas que ainda há de apagar a sede que eu tinha de te ter aqui.

Não te reconheci na última visita.
Adeus.